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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Óleo

[Tenha a certeza de ter lido "Paciência" antes de começar a ler este conto]


Eu cheguei tarde da noite. Até pensei em esperar o dia seguinte para visitar Thomas Reel, mas de qualquer maneira eu teria de ir até a casa dele e estava muito ansiosa para esperar. Caminhei sozinha por dez quilômetros de uma estrada de terra, avistei a casa dele e me aproximei. Toquei a campainha. A porta se abriu bem devagar, o suficiente para que ele pudesse me ver.

- O que você quer? – ele perguntou.
- Derrick Todd me enviou até aqui - respondi.

- Não é um bom momento.
- Nunca haverá um bom momento!

Ele concordou comigo e me deixou entrar.

A primeira coisa que notei na sua sala de estar foi um fuzil carregado em cima da mesa. Ele o pegou e colocou a alça em torno de seu ombro.

- Você tem sorte em estar viva... Ou será azar? Diga-me o que você quer, rápido.
- A coisa de que Betham fugia... O que é? Como pode ser pior que os Portadores?

- Puta que pariu! Você é realmente azarada garota! - Ele ficou olhando para fora das janelas.
- Está esperando alguém?

- Não se pode esperar por essas coisas, mais cedo ou mais tarde eles acabarão vindo....
- O que são essas coisas?

Ele xingou baixinho e se sentou.

- Vou lhe dar uma breve descrição. - ele me disse - Alguma vez você já ouviu falar do B-- ele foi cortado por um barulho insuportável como unhas em um quadro negro, só que pior e muito mais alto.

O barulho foi tão alto que tive que tapar meus ouvidos. Ele não pareceu estar com tanto medo quanto eu, no entanto, estava com sua arma apontada em mãos. As luzes piscaram umas duas vezes. Eu não sei como, mas pude ouvir o som de uma gota. Minha atenção se voltou para a mesa, Thomas parece não ter percebido. O que caiu sobre a mesa era algum tipo de líquido negro, espesso e pegajoso. Quase que imediatamente uma gota pingou sobre o mesmo lugar, e outra e outra. Agora Thomas percebeu... Ele me puxou para trás, nesse instante eu olhei para cima;

Grandes rachaduras se formaram no teto, o que era apenas uma goteira começou a escorrer até que a mesa ficasse totalmente coberta por essa coisa preta. De repente, um braço se estendeu do líquido sobre a mesa. Se eu pudesse ter gritado, eu provavelmente teria. Aquele braço agarrou a borda da mesa e começou a puxar a si mesmo. Primeiro o tronco, a cabeça e, em seguida, o outro braço. O peso da criatura fez com que ele tombasse da mesa, mas isso não o impediu. Ele começou a se rastejar até que seu corpo estivesse completamente inteiro. Em seguida, ele se levantou. Completamente envolto em líquido preto, mas tinha a estrutura de um ser humano.

Não era possível identificar um rosto em sua face, mas ele se movia de forma como se estivesse a olhar os arredores. Sua face virou-se para Thomas, que parecia estar em estado de choque. Sem qualquer aviso a criatura saltou na sua direção, mas Thomas disparou antes que a coisa o alcançasse. A criatura caiu no chão e rapidamente se levantou. Thomas disparou novamente, a criatura levou vários tiros até cair novamente. Thomas esvaziou o resto do carregador, mas a criatura continuou se movendo. Em seguida, Thomas abaixou a arma, caminhou até a criatura e a chutou no pescoço. O monstro se contorceu, e ficou imóvel. Havia apenas o silêncio agora.

- Rápido! Abra aquela porta, lá dentro há um alçapão que dá para o porão, entre nele! - disse Thomas apontando para uma porta.

Eu corri para onde ele me disse e entrei, pude ver ele fazer enquanto resmungava "tamo fodido, tamo fodido!".

Depois de termos entrado e trancado as portas atrás de nós, paramos por alguns minutos para recuperar o fôlego. Ele então me perguntou se eu ainda queria saber. Eu ri, apenas para quebrar a tensão.

- Vá em frente, diga.
- Já ouviu falar da "Teoria do Banco".

- Sim - respondi. (A Teoria do Banco havia sido publicado na página de discussão dos Seekers. Essa teoria comparava nossa vida a um banco. Os objetos eram os itens nas caixas de depósito, os Portadores eram os guardas, e nós Seekers eramos os ladrões).
- Sabe o que eu acho? Essas coisas são os donos originais e eles querem seus objetos de volta. Eles só tem como alvo os Seekers com objetos. - ele riu - talvez eles sejam alienígenas de Marte.

- Mas como você sabia que eles estavam vindo?
- Eu não sabia, apenas fiquei preparado. Eu recebi um e-mail à algumas semanas e-

Ficamos observando uma pequena gota colorida descer a parede. Não havia nenhum barulho desta vez. Thomas parou de falar e olhou para mim. Ele estava prestes a dizer algo quando isso aconteceu mas engasgou e depois ficou imóvel. E então uma mão, coberta em óleo preto, explodiu em seu peito. Ele olhou para mim e choramingou. Meu corpo se moveu instantaneamente, eu corri até as escadas, passei pela porta e cheguei até a sala de estar, parei. Do outro lado da sala ele estava e olhou para mim. Foi então que eu notei, havia um recipiente em cima da mesa, com algumas ataduras e suturas dentro. A coisa do outro lado da sala, caminhou em direção a ele, fiz o mesmo. Começamos a circundar a mesa entre nós, sem fazer movimentos bruscos. Mas eu não tentaria agarrar o objeto. Eu simplesmente recuei para a saída da casa. Ele ficou me olhando o tempo todo.

Fui para casa no dia seguinte. Eu não sabia se essas coisas iriam me seguir. Eu pensei que poderia ser melhor me livrar dos meus objetos. Mas eu não podia fazer isso. Dois dias depois encontrei um pacote na minha caixa de correio e me surpreendi, era de Derrick Todd. Eu abri rapidamente o pacote, havia cartas de baralho dentro, eu peguei uma, era o Rei de Paus. Eu olhei atrás da carta, havia uma letra "D" escrita a caneta. Peguei outra carta, nela tinha uma letra "N". Espalhei as cartão no chão, deu um certo trabalho mas consegui ver a mensagem que ele quis me passar:

"E-L-E-S-R-E-A-L-M-E-N-T-E-E-S-T-Ã-O-T-E-N-T-A-N-D-O-M-A-N-T-E-R-N-O-S-M-E-L-H-O-R-,-M-A-S-É-T-A-R-D-E-D-E-M-A-I-S-!-F-I-M

No começo fiquei confusa. Porque Derrick teria me enviado uma mensagem como essa, em vez de me dizer? Mas então eu percebi que não era uma mensagem dele...

Esta mensagem era de meu pai. Ele havia assinado ao final da mensagem com "FIM". 

[A história continua em: Encontrar o Fim]

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