Ao fundo, mal iluminado, um ser gigante nos encarava.

Ele tinha um espécie de facão enorme em uma das mãos, e mesmo com a rua quase escura, pude ver o que parecia ser máscara de hóquei no rosto daquele homem.

- Crystal Lake? - Repeti para mim mesmo, como se numa espécie de mantra.

Então, assim como alguém quando tem uma epifania, senti a excitação e o horror da verdade me atravessando como uma flecha. Com um arrepio percorrendo toda minha espinha e os pelos do meu corpo se arrepiando, engatei a macha ré e liguei novamente o carro, sem nem olhar para trás.

Kevin também não tirava os olhos da rua. Então aquele ser maligno foi sumindo, até não estar nas nossas vistas. Virei o carro bruscamente, dobrei em um outra rua, e parei novamente do lado de uma casa. 

- O quê diabos Jason Voorhees estava fazendo na nossa frente?! - Gritei, apavorado.

- Bem, - Kevin começou uma explicação da forma mais calma que ele conseguia. - eu disse que você veria um novo mundo. Existem seres aqui que já foram pessoas normais. Outros que nunca foram pessoas. A maioria é má, mas há os bons também...

- Mas isso não explica o motivo de um ser criado por nós, vindo de uma série de filmes, apareça! - Falei, ansioso para uma explicação.

- Terminando minha explicação, - Kevin voltou a falar, sempre atento a rua, que estava começando a ser tomado por uma estranha e densa neblina. - esse mundo onde você viverá agora, é também onde a realidade e a imaginação são a mesma coisa. Quando os humanos acreditam em algo a ponto de recriar de isso, e isso acontece muito devido à excelente criatividade de vocês e da imaginação fértil das crianças, então, bem, essas "coisas" acabam criando vida nesse lado aqui. Geralmente elas nem aparecem... Porém, como você é humano, essas coisas tendem a vir para fazer o que elas foram criadas para fazer. Ou seja... Matar.

Olhei para ele e percebi que entendia aquilo. Achei que surtaria, mas não. Entendi que para poder salvar minha amada eu precisava entender.

A neblina ficava cada vez mais densa. 

Então enquanto eu estava meio perdido nos meus pensamentos e Kevin estava atento para ver se enxergava algo na neblina, ouvimos um barulho vindo de trás do carro.

Nos entreolhamos, e Kevin deslizou sorrateiramente pelos bancos e olhou cuidadosamente atrás do carro. 

Olhou novamente para mim, e fez sinal de não com a cabeça.

Porém, quando me virei novamente para a rua, Jason estava lá, a alguns metros do carro. 

- Típico... - Ouvi Kevin sussurrar.

Então ele começou a se aproximar novamente. 

Só que, dessa vez, o carro não queria pegar.