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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Relatos - Parte 13 - Respostas


Ele me explicou tudo. Desde o começo, quando e como ele viera parar lá naquele mesmo lugar. Explicou quem eram aqueles seres, ou tentou pelo menos. Ele dizia que a maioria eram "almas amaldiçoadas" que haviam, de algum modo, ficado presas lá e sido corrompidas.

- Como você sabe de tudo isso?

- Já perdi as contas de quantos dias eu passei aqui. - Ele falava, enquanto acabava de enfaixar seu braço milagrosamente curado. - Está vendo os riscos na parede? Alguns fui que fiz. Tentei contar os dias, mas não sabia quanto tempo eu apaguei quando cheguei aqui, e nem saber quando a luz do sol nasce, já que fora dessa sala é sempre tudo cinza e escuro... 


- Nossa...

- Ei, já sei! - Guilherme quase sorriu largamente. - Qual foi o dia e ano que você estava antes de vir para cá?

Falei a data completa, e ele fez um rosto surpreso.

- Interessante. - Ele coçou a cabeça e se recostou na cadeira. - Você sumiu no mesmo dia que eu.

- Então quer dizer que ambos sumimos no mesmo dia, mas chegamos aqui nesse lugar em tempos diferentes? Como isso é possível?

- Não sei. Como eu havia dito, esse lugar é habitado por almas amaldiçoadas. Mas têm coisas que eu ainda não sei explicar.

- Como o quê?

- Bem, quando eu cheguei aqui e escapei, como eu te contei antes, me deparei com a cabeça de meu amigo, Ramirez, aqui. Ele leu as mesmas coisas que eu. E quando eu fui cercado pelas criaturas, alguém me puxou para fora e tomou meu lugar. Era a alma dele, de Ramirez. Nunca tivemos uma ligação muito forte, mas por algum motivo sei que ele acreditava em mim.

"Depois de aproveitar a chance de fuga, eu encontrei esse lugar ao acaso, quando fugia de duas garotas gêmeas. Elas são horríveis. Entrei nesse cubículo e achei que fosse morrer em instantes, porém elas não vieram aqui. É como se esse lugar fosse fora do alcance deles."

"Eu saí depois de algum tempo, preparado com coisas que achei aqui. Tem muita coisa para ler, e aprendi muito a utilizar as tralhas que tinham aqui. Esse líquido que usei, por exemplo, é como um bálsamo instantâneo, que cura no mesmo momento, apesar da dor. Sei dos caminhos do hospital porque passei dias, mesmo não parecendo, estudando mapas. Sei de muitas coisas. Mas como eu disse, muitas coisas aqui ainda não achei respostas. Não sei quem deixou tudo isso aqui. Talvez um sobrevivente. Não faço a miníma ideia."

- E esses ferimentos, - Eu disse. - eles são tão dolorosos assim?

- Ah, aquilo que você viu é outra pergunta sem resposta. As almas machucam do jeito que você conhece e qualquer um conhece. Te ferindo, causando sangramentos, etc. Mas aquilo, aquele ser, tenta te destruir de outro jeito. Ele faz uma ferida e te corrompe através dela. Eu não sei o que acontece quando termina seu ciclo, mas acredito que você vira uma dessas almas...

- Quantos existem afinal?

- Bem, não muitos, mas o suficiente. Um médico louco, que fazia experiências macabras e era acobertado pelos seus subordinados e até mesmo por parte da sociedade. Uma mulher, que possivelmente foi cobaia desse doutor. Duas irmãs gêmeas, moradoras de ruas que matavam para poder comer o que viesse. Um homem que morreu congelado. O que eles todos têm em comum afinal com nós dois? A resposta é simples, eles eram humanos e leram aquelas escrituras malditas. Já aquele ser indecifrável e de olhos cor sangue é um demônio e...

- Peraí, que escrituras? - Interrompi.

Guilherme olhou surpreso para mim:

- Como assim "que escrituras"? As escrituras que você leu para parar aqui, e, possivelmente, os pesadelos que teve.

- Eu não tive pesadelo algum. Nem li nada. A única coisa que acho que tem algum envolvimento é uma pequena garotinha, que me passava um sentimento estranho de medo.

Guilherme levantou-se da cadeira:

- Você disse garotinha?

- Sim, por que?

- Estranho você não ler e nem sonhar nada. Mas acho que com isso, finalmente, sei como sair daqui. Essa é garotinha a qual estive procurando. Só pode ser. Ela segurava algo em mãos?

- Se me lembro bem, uns papeis.

- Beleza! Eu vi essa garotinha por aqui as vezes. Tinha uma dúvida em relação à ela. Mas agora sei tudo. O nome dela é Emily. Eu a procurava quando era detetive, mas acabei parando aqui antes de encontrá-la. - Guilherme começou a andar freneticamente pelo quarto. - Na verdade eu encontrei ela, mas não tive tempo de resgatá-la. Acho que nem conseguiria. O mal possuiu o corpo dela. Mas temos que descobrir o por quê, já que parece que isso está ficando cada vez mais forte e não é preciso de pesadelos ou escrituras mais. - Ele parou de repente. - Temos que nos apressar!

- Como assim? - Fiquei apreensivo.

- Cabe a nós terminar com tudo isso. Se não terminarmos, quem sabe quem ou o que ela pode fazer ou trazer para cá.

- M-mas eu não faço a miníma ideia de como agir. E eu tô com medo. - Falei, amedrontado.

Guilherme se ajoelhou do meu lado.

- A gente precisa acabar com isso. Pense em sua família. E você não irá morrer. Eu conheço quase tudo por aqui. A gente vai se dar bem, confia em mim.

Olhei para ele, e soube que não teria outra escolha. Nos preparamos e saímos cautelosamente de lá. 

Não sabíamos que ao dobrar o corredor, aquilo nos esperava.

2 comentários:

  1. Ai cara melhor serie de creepypasta original que eu ja li, continua o mais rapido o possivel

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    Respostas
    1. Opa, obrigado pelo apoio. É sempre bom ter incentivo, e isso me faz querer escrever ^^
      Estarei postando pelo menos mais um capítulo essa semana ^^

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