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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Relatos - Parte 10 - Escuridão Total

Guilherme acordou com uma enorme dor de cabeça. A claridade não permitia que ele conseguisse ver o que o rodeava. Apenas escutou uma voz, que dizia:

- Fique calmo. Você está melhor agora.

Quando Guilherme conseguiu acomodar sua vista, viu uma enfermeira ao seu lado. Ela era morena, com cabelos cacheados. Tinha olhos verdes. Para Guilherme, ela era linda. Ela sorriu para ele, e ele sorriu de volta.

- O que aconteceu? - Ele disse.

- Parece que seus colegas terão trabalho à fazer. - Disse ela, em um tom mais divertido. - Alguém cometeu uma infração e você foi atropelado. Mas fique calmo, você não se feriu gravemente não. Apenas dois deslocamentos e alguns arranhões.

Guilherme olhou para ela. Se perguntou como aquilo havia acontecido. Ela lhe falou algumas coisas sobre cuidados e refeições e saiu. Ele começou a remontar suas memórias.

Quando enfim remontou tudo, ficou extremamente ansioso. Chamou por alguém, e dessa vez outra enfermeira apareceu. Ele explicou que deveria sair de lá, que tinha um caso muito importante para resolver. Ela disse que iria falar com o médico responsável. Ela voltou e disse que ele teria que ficar em observação por, pelo menos, um dia. Mesmo após protestar, não teve sucesso, e teve que se conformar.

Mais tarde, no mesmo dia, Ramirez apareceu visitando-o. Guilherme explicou a situação, omitindo muita coisa, e disse que havia visto a garota no lugar onde fora atropelado. Ramirez, surpreendido, disse que iria mandar uma patrulha de busca naquele lugar. Ele perguntou também para Guilherme se ele precisava de alguma coisa. Guilherme pensou um pouco, e disse:

- Vá até a minha casa. Lá, você encontrará uns papeis amarelados e algumas anotações antigas. - Ele parou um pouco, e falou decididamente para Ramirez. - Queime-as.

Ramirez não entendeu, obviamente. Era um pedido peculiar. Mas Guilherme havia passado por um acidente, e ele resolveu não questioná-lo. Ramirez ainda disse que voltaria no dia seguinte, para ajudá-lo a sair do hospital.

Guilherme suspirou e passou a mão na cabeça. Ele não sabia o que era realidade, e o que era ilusão.

Quando estava anoitecendo, Guilherme recebeu alguns calmantes e acabou dormindo. Sua cabeça e seu corpo precisavam descansar. 

Porém, ele acordou no meio da noite ouvindo alguns gritos no hospital. No começo, ele achou que fosse apenas o sono pregando peças. Mas quando ouviu de novo, ele acionou o botão da enfermaria. Os gritos ficavam mais fortes e mais altos, mas ninguém aparecia. Então Guilherme, com muito esforço, levantou-se e saiu do seu quarto.

O corredor estava escuro. Não era possível ver ninguém. Guilherme gritou por ajuda, mas ninguém respondeu. Ele escutou somente os gritos vindo do quarto ao lado.

Caminhando pesadamente, foi até lá e abriu a porta justamente quando o grito ficou extremamente alto e contínuo. Porém, assim que ele vislumbrou dentro do quarto, ele não viu nada. Apenas uma cama, vazia, e a janela aberta. Então Guilherme, arrastando seu soro, foi até a janela. Olhou para fora, e sentiu um vento gelado. Ele fechou a janela, e no momento que ele se virou, ele pode ver a mulher dos seus antigos sonhos na sua frente.

Ela não tinha olhos e nem nariz. Saia sangue dos orifícios vazios.

Guilherme, chocado, desmaiou. 

Quando acordou, estava em sua cama. "Foi um pesadelo, de novo", pensou. Mas ele sentiu algo diferente. Tentou levantar os braços e mexer as pernas, mas elas estavam amarradas. Ouviu gargalhadas e conversas.

De repente, seu quarto inteiro estava tomado de pessoas. Havia um médico também, que começava a se preparar para uma suposta cirurgia. Alguém pegou a sua cabeça. Era a enfermeira que o atendeu quando ele havia acordado pela primeira vez.

- Relaxe Guilherme. O doutor quer examinar você. - Ela disse, calmamente.

Guilherme percebeu que corria perigo. Ele viu seu soro ser trocado por algo nojento, uma espécie de água imunda, cheia de insetos, vermes e larvas. O doutor pediu que fosse feito silêncio, mas as pessoas o ignoravam e faziam ainda mais barulho. Ele pegou uma agulha e mergulhou numa espécie de lodo. Suas mãos tremiam enquanto ele tentava colocar uma espécie de fio dentro dela. Guilherme tentava se desvencilhar das cordas e daquela mulher, mas ele não conseguia. 

Quando o doutor finalmente pôs o fio dentro da agulha, ele disse algo para a enfermeira, e ela segurou a cabeça de Guilherme ainda mais firmemente. Então ele se aproximou  dele, e começou a costurar a sua boca. Guilherme tentava gritar de dor, mas o médico forçava os lábio dele para ficarem fechados. Quando a agulha fechou metade da sua boca, Guilherme, de alguma forma, se desvencilhou de uma das amarras e empurrou o médico longe. Nesse momento, todas as pessoas da sala pararam de rir e conversar, e olharam para ele seriamente. A enfermeira soltou sua cabeça, e ficou-o encarando. Enquanto o médico estava caído, Guilherme ignorou as outras pessoas e soltou suas amarras. Quando estava quase solto, o médico se recompôs e, diferentemente dos demais, voltou-se para Guilherme e começou a caminhar em sua direção, ofensivamente.

Guilherme se soltou, e começou a correr para a porta. E, ao chegar nela, sentiu uma dor tremenda em sua coxa esquerda. O médio havia atirado um de seus bisturis, e ele penetrou quase que completamente em Guilherme.

Ele soltou um urro de dor, forçando seus lábios e abrindo as costuras que o doutor tinha feito. Ele sentiu o sangue na sua boca. Mesmo com muita dor, Guilherme mancou para o lado de fora do quarto. 

Quando ele saiu, viu um homem escorado no chão à direita dele. Era uma homem raquítico, de uma aparência nada sadia. Parecia que ele estava sofrendo daquele mesmo pesadelo. Guilherme se aproximou dele.

- Tudo está acabado. Tudo está decidido. Tudo está escrito. - O homem dizia.

Com alguma dificuldade, Guilherme chegou próximo à ele, e falou:

- Vem, vamos sair daqui. - E estendeu a mão.

O homem olhou para ele com muita dificuldade e pegou na sua mão. Guilherme sentiu um frio extremo tomar seu corpo. Os olhos do homem estavam vidrados, como se ele tivesse sido congelado. Então, o homem sussurrou:

- Teu destino está decidido. Quem ler as escrituras sempre terá o mesmo caminho. - Logo que ele falou isso, ele levantou sua outra mão. Agarrado pelo cabelos e com uma aparência assustadora, estava a cabeça de Ramirez.

Guilherme soltou do homem e deu dois passos para trás. Perguntas e perguntas surgiram na sua mente. E ele não entendia nada. Aquilo era real? 

Então ele ouviu duas vozes femininas atrás dele. Ele olhou e viu as duas gêmeas da outra ocasião. Uma delas disse:

- Você está morto...

E outra completou:

- ... Só que ainda não sabe.

Guilherme olhou ao redor. Viu pessoas desconhecidas junto com um médico louco e uma enfermeira. Viu duas garotas assombrosas. Viu um homem aparentemente morto com a cabeça de um amigo. Viu a antiga mulher de seus sonhos, envolta no seu vestido vermelho. E, no fim, viu dois olhos gigantes, vermelhos, o encarando.

Guilherme paralisou sem saber o que fazer.

Então todos avançaram para cima dele.

FIM 2ª TEMPORADA

2 comentários:

  1. cara a historia é exelente!!!!!! pq vc parou d escrever

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    Respostas
    1. Estarei escrevendo a 3ª Temporada ainda esse mês (talvez essa semana). XD

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