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terça-feira, 16 de julho de 2013

O PORÃO DE HELENE




Uma linda menina, uma doce princesa, a pequena Helene que caminhava entre as flores, com seu cabelo loiro, sapatos brancos e um lindo vestido, que se misturava com as flores do parque. Embora não pareça, mas o que um dia foi uma criança, hoje é um monstro, que mesmo não fazendo mais parte deste mundo, volta assombrar os que aqui ainda estão vivos...

Primavera de 1971, em uma pequena cidade de imigrantes alemães no sul do Brasil vive um lindo casal com uma pequena criança chamada Helene. Desde muito pequena Helene sempre preferiu atividades solitárias, não que tivesse dificuldade para se socializar, muito pelo contrario, todos sempre queriam estar com ela embora ela nunca quisesse. Helene tinha feito 9 anos durante o inverno que tinha recém-acabado, e seus pais haviam lhe prometido levá-la ao parque de diversões assim que o rigoroso inverno acabasse.

Na manhã de domingo, ainda frio, mas com o sol já brilhando, a pequena garota entra pelos grandes portões do parque junto a seus pais, passos tímidos e cuidadosos, com uma expressão feliz e um sorriso a cada brinquedo novo que brincava, no entanto, tudo perdia a graça rápido... Tudo era tão monótono... Até que a garota avista uma antiga casinha de boneca, com sua madeira envelhecida, gasta, cheia de ranhuras e praticamente sem tinta, rodeada por árvores que a escondia, fazendo passar despercebida por olhos desatentos. Helene se dirige a casinha, afastando-se de seus pais. O casal, alguns minutos depois, sai a procura de Helene, vão até próximo de onde a virão a alguns instantes atrás, de repente, um ruído estranho espanta o casal, incrédulos eles mal acreditavam no que viam, a pequena Helene estava aos risos, sozinha, entrava e saía da casinha, deitava na grama e se escondia entre as arvores. 

Todos os dias durante duas semanas a pequena menina ia ao parque, seus pais já não se preocupavam tanto com a garota e aproveitavam o tempo juntos como um casal de namorados. Porém, o funcionamento do parque fora cancelado devido a uma serie a de sequestros que vinham acontecendo recentemente e que abalou as simples pessoas que viviam na pequena cidade. Naquela tarde, Helene também fora levada.

Sem entender quem teria coragem de sequestrar crianças, ainda mais em uma cidadezinha de interior onde todos se conhecem, numa época sem recursos, a única certeza que as pessoas de lá tinham era de que todos os sequestros haviam ocorrido no parque.

Sem nenhum representante da lei, os próprios cidadãos começaram a investigar e a procurar pelas crianças. Durante semanas buscaram sem cessar, no entanto, não conseguiram encontrar nenhuma delas. Depois de semanas, os cidadãos, já exaustos com tanta procura e nenhum resultado, resolveram interromper um pouco a busca.

Dias se passaram e com o tempo um estranho odor começou a ser percebido no ar nas proximidades do parque, um repugnante cheiro, um cheiro de morte e de podridão. A população que passou semanas em busca das crianças perdidas finalmente as encontra.

Na pequena casinha que Helene brincava, atrás dela havia um pequeno alçapão que dava para um estranho porão que, ao contrario da casa de bonecas, era enorme, estava cheio de pequenos corpos desmembrados, e entre os corpos estava a doce Helene, seu lindo vestido cheio de sangue assim como seu pequeno rosto de bochechas macias, em meio a todos aqueles corpos o de Helene era o único que ainda estava vivo.

Dançando entre os corpos lá estava a doce criança que chutava os pequenos olhos sem vida pelo chão, se fazendo indiferente, fingindo não ter percebido que alguns membros da comunidade local, inclusive seu pai, a observava. Depois de alguns minutos sem reação e sem acreditar no que viam, os cidadãos indignados avançaram na pequena criança, que berrava e esperneava enquanto era retirada de perto dos corpos.

Sem nem pensar direito, os cidadãos atacaram brutalmente Helene, o pequeno corpo da criança fora jogado de um lado para outro pelos chutes que as poucas pessoas que ali estavam distribuíam sem o menor dó, enquanto isso seu pai só conseguia pronunciar a palavra "porque", palavra que repetia aos berros. E, no ultimo suspiro, com um sorriso sarcástico no rosto, Helene quase morta disse:

Eu só queria mais amigos, para brincar...

As pessoas que presenciaram a tudo isso perplexas, decidiram que ninguém nunca deveria saber do ocorrido, trancaram o corpo de Helene junto com os outros corpos, e certificaram-se que ninguém nunca jamais iria encontrar o alçapão ou aquele porão novamente.

As outras pessoas da cidade jamais souberam o que realmente aconteceu naquele parque, quem sequestrou as crianças, muito menos o que realmente foi presenciado por aquelas poucas pessoas que lá estavam.

Nos primeiros dias da primavera, naqueles ainda com um cheiro de inverno, é nesses dias que Helene volta... Ela vem buscar mais amigos, para poder brincar... 

 Vamos brincar?

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