-->

Bem vindo à Família

LPSA

readiscreepy.blogspot.com.br Onde Ler Pode Ser Assustador

domingo, 15 de junho de 2014

Brinque Comigo


O verão estava agradável e quente naquele ano. O sol, como sempre, aquecia a pele. As brisas leves que percorriam a vizinhança deixavam os dias nem quentes nem frios demais. Era simplesmente o clima perfeito. Mas foi um verão que Sally nunca esqueceria
.
Sally era uma garotinha de oito anos de idade, com cabelo castanho cacheado e longo, e olhos verdes brilhantes. Ela era sempre educada, nunca mentia, e fazia o que mandavam. A sua mãe e sua família simplesmente a adoravam, eles não poderiam querer uma filha melhor.

Sally ria enquanto brincava com seus amigos ao ar livre. Várias brincadeiras, como amarelinha e pular corda, até bonecas. A mãe de Sally sorriu calorosamente diante da visão inocente e limpou suas mãos no avental, chamando.

"Sally! Entre, é hora do almoço!" Sally levantou os olhos de sua boenca e sorriu.

"Ok, mamãe!"

Sentada a mesa de jantar, Sally se inclinou levemente na sua cadeira, animada para ver qual seria a refeição. A mãe dela colocou na mesa manteiga de amendoim e um sanduíche de geleia com as bordas do pão cortadas. Haviam cenouras e aipo ao lado, e suco para beber.

"Obrigada, mamãe."

"De nada, querida." Enquanto a menina pegava o seu sanduíche, a mãe dela sentou em frente a ela e sorriu enquanto a observava comer. "Adivinha! Seu tio Johnny está vindo." Sally olhou para a mãe e sorriu, os cantos de seus lábios estavam sujos de manteiga de amendoim.

"Mmm, tio Johnny?" Ela repetiu com a boca cheia de comida. Sua mãe riu e assentiu.

"Aham. Ele está vindo para ajuda o papai com seu trabalho, e para cuidar de você também. Talvez todos nós possamos ir para o Carnaval!" Sally mastigou o resto de sua mordida rapidamente e engoliu.

"Sarah e Jennie podem vir também?" A mãe dela pensou por um segundo.

"Bem, depende do que os pais delas dirão. Mas se eles puderem, claro!" Novamente ela riu e se balançou em sua cadeira, agora ainda mais animada em relação as férias daquele ano.

Alguns dias depois, Tio Johnny dirigiu até a casa. Descendo do seu carro, o homem espreguiçou-se e soltou um suspiro cansado.

"Tio Johnny!" Uma vozinha gorjeou, atraindo a atenção do homem. Sally derrubou a corda com a qual ela estava brincando e correu até o seu parente, abraçando-o.

"Oi Sal! Como você está?" Ele perguntou, levantando a garota facilmente, lhe dando um abraço direito. A garota riu e olhou de volta para os seus amigos, que estavam agora acenando na direção deles.

"Eu estava brincando com Sarah e Jennie. Vamos entrar e contar para a mamãe que você está aqui!"

"Parece uma boa ideia." Ele sorriu e entrou na casa, chamando a mulher. "Marie! Estou aqui!" Ele chamou, sendo seguido por Sally que o imitava.

"Mamãe! Ele chegou!" A dona de casa saiu apressada da cozinha e sorriu ao ver Johnny.

"Johnny, você chegou são e salvo." O homem colocou a garota de volta no chão e lhe deu um tapinha para que ela saísse. E abraçou a mulher.

"Claro que eu cheguei. Por que não chegaria?" Ele riu, entrando na cozinha com a mulher. Sally correu até a porta da frente, avisando que ela ia voltar para fora para brincar.

"Lembre-se de voltar antes do anoitecer!"

"Sim senhora!" E a garota foi embora.

Quando a hora do jantar se aproximou, o pai de Sally chegou em casa, feliz em saber que seu irmão também estava lá. Entrando com a sua filha, ele foi até Johnny com um aperto de mão e um abraço.

"Bom te ver, cara. Como você está?" Ele perguntou, cruzando os braços, observando quanto sua mulher servia o jantar. Johnny deu de ombros, mexendo com os seus polegares.

"Eu e Karen terminamos."

"Ah, isso é terrível. Eu lamento..." Johnny balançou a cabeça com um sorriso.

"Não, tudo bem. Estou feliz. Eu posso me mover livremente sem ter ninguém constantemente querendo saber onde estou e o que estou fazendo." Os dois homens riram juntos, indo até a mesa para comer. "Mmm Marie, parece maravilhoso."

"Obrigada, que bom que você gostou."

"Mmm, está uma delícia, mamãe!" Os adultos sorriram e riram da alegria da criança.

Todos os pratos se esvaziaram, e Sally começou a bocejar várias vezes, esfregando os olhos. Sua mãe sorriu e esfregou suas costas gentilmente.

"Parece que alguém está cansada. Hora de dormir!" Sally assentiu e pulou de sua cadeira, pegando seu prato e levando-o até a pia. Sua mãe se levantou para levá-la para a cama, mas parou quando John segurou seu braço.

"Eu levo ela para a cama." Ele sorriu, recebendo outro sorriso de volta.

"Ok, obrigada, John." O homem assentiu, observando a mulher ir lavar a louça e jogar os restos fora. Então ele olhou seu irmão ir para o banheiro para lavar as mãos, e seguiu a garotinha até o seu quarto.

John sorriu e fechou a porta atrás dele, observando a garota abrir seu armário atrás de pijamas para vestir.

"Você precisa de ajuda?" Ele perguntou, vendo a garota olhar para ele e assentir. "Ok, vamos ver o que você tem." O homem foi até o lado dela e começou a olhar os seus pijamas variados. "Você tem alguns com estampa de morangos. Aposto como você cheira assim como morangos em seus sonhos." Ele levantou a blusa e mostrou para ela, inalando profundamente. Sally riu e balançou a cabeça negativamente, indicando que ela não queria usar seus pijamas de morangos. Johnny assentiu e colocou a blusa de volta, depois pegou outra com estampa de unicórnio. "Que tal esse? Aposto que você vai poder montar em um unicórnio com esse." Novamente a criança riu e disse que não. O homem xingou baixinho antes de colocar de volta. Então tirou uma camisola branca simples. "Que tal essa? Você vai virar uma princesa com essa." Os olhos de Sally brilharam e ela bateu palmas de animação enquanto assentia. Colocando a camisola na cama, ele foi até ela e começou a desabotoar sua camiseta.

"Eu posso me vestir, tio." Ela disse com um sorriso, olhando para as mãos dele em sua camiseta. O homem sorriu de volta e assentiu, continuando a tirar a camiseta dela.

"Eu aposto como pode, mas você está cansada, e por que não ter alguma ajuda?" Ele perguntou, observando Sally assentir algumas vezes. Depois de desabotoar sua camiseta, ele a deslizou pelos seus ombros e cutucou sua barriga, fazendo ela rir. Ele riu e segurou a margem do seu short, puxando-o para baixo. Finalmente, o homem pegou a sua camisola e empurrou a abertura pela sua cabeça, garantindo que seus braços passassem pelas mangas. "Pronto!" Ele disse alegremente, rindo quando ela subiu em sua cama. Johnny se levantou e pegou as roupas dela, a porta abriu e a mãe de Sally entrou para arrumá-la na cama.

"Pronta para dormir?" Ela andou até a cama. Johnny olhou e se apressou até o lado da cama.

"Eu arrumo ela, se você não se importar." Marie olhou para ele e sorriu, sacudindo a cabeça.

"Claro que não." Ela olhou para a sua filha e se inclinou, beijando a testa dela. "Boa noite, queridinha."

"Boa noite, mamãe." Esfregando a garota gentilmente com seu polegar na testa dela, a mulher pegou as roupas que Johnny segurava e saiu do quarto. Johnny sorriu para a mãe e foi até o interruptor, desligando a luz. Ele cuidadosamente fechou a porta, e a trancou. Lentamente, ele olhou sobre os ombros para Sally. Johnny tinha um sorriso torto, arrepiante.

Ao longo dos dias que se seguiram, Marie percebeu que Sally estava agindo de maneira estranha. Ela não estava sorrindo com o mesmo brilho de costume. Ela não estava mais cantarolando, ou falando com a mesma quantidade de felicidade. Marie segurou a mão da filha antes de ela ir brincar com seus amigos, e a trouxe de volta para dentro. Sally olhou para a mãe com uma expressão confusa.

"Querida, você está se sentindo bem?" Ela pergontou, se ajoelhando até a altura da filha. Sally a encarou tolamente, e lentamente começou a choramingar. A mãe arregalou os olhos em confusão. "Sally?"

"M-mamãe... Eu... Eu não q-queria..." A garota conseguiu falar através dos soluços.

"Não queria o que, querida?"

"Eu... Eu... Eu não q-queria jogar... Eu não queria jogar o j-jogo dele..." A criança olhou para a mãe e a abraçou com força. "E-Ele me t-tocou... E... E... Me fez t-tocá-lo!" Marie franziu o cenho e gentilmente começou a acariciar o cabelo da menina, confortando-a. Lentamente conseguiu acalmá-la.

"Shhh, está tudo bem, a mamãe está aqui agora." Foi um pesadelo, só isso. A menina teve um pesadelo. "Está tudo bem agora, ok? Não se preocupe mais com isso." Ela observou Sally olhando para ela, com a respiração entrecortada pelo choro, e sorriu.

"O-ok mamãe..." A mãe sorriu e beijou a testa dela.

"Agora vá lavar o rosto. Você não quer brincar com seus amigos com essa cara de choro." Sally soltou uma risadinha, e correu até o banheiro para lavar o rosto.

Mais tarde naquele dia, Johnny e seu irmão chegaram em casa do trabalho. Frank suspirou, sorrindo ao ver Sally acenando para ele. O pai acenou de volta, e fechou a porta do carro antes de andar até a casa. Johnny também olhou para Sally e sorriu, acenando. O sorriso da menina murchou lentamente, mostrando menos felicidade nele, mas ela acenou também. Johnny também entrou na casa, e parou quando ele ouviu a conversa entre seu irmão e sua esposa.

"Sally fez o que?" Frank perguntou.

"Ela teve um pesadelo. Um terrível. Ela disse que 'ele' a tocou."

"Bem, quem diabos é 'ele'?"

"Eu não sei, Frank... Mas foi só um pesadelo. Eu só queria te informar o que está acontecendo com ela e porquê ela está agindo diferente."

Johnny franziu as sobrancelhas de raiva, com os nós dos dedos ficando brancos. Então, ele se acalmou velozmente, pensando rápido. Ele colocou um sorriso no rosto e entrou na sala, fazendo parecer que ele tinha acabado de interromper a conversa e levantou as sobrancelhas.

"Opa...  Eu interrompi algo?" Ele perguntou, vendo o casal  balançar suas cabeças. Johnny sorriu de novo e indicou o carro com o dedo. "Eu vou até a loja, você precisa de algo, Marie?" A mulher sorriu e olhou para a cozinha.

"Sim, na verdade. Você pode me comprar uns ovos, leite, pão e suco?" Johnny assentiu, estava saindo de casa quando parou.

"Sally queria vir junto, só para avisar." Marie sorriu.

"Obrigada, John." Ele assentiu novamente e caminhou até a porta. Chaves em mãos. Olhando para Sally e seus amigos lá fora, ele segurou sua mão sob a boca. 

"Sally!" A criança olhou para ele e encarou. "Anda, vamos para o mercado!" John foi até o carro, gesticulando para que a garota o seguisse. Sally ficou sentada ali por um momento, então deitou as suas bonecas na grama.

"Eu vou voltar, por favor cuide de Marzapan e Lily para mim." Jennie e Sarah sorriram e assentiram, continuando a brincar de boneca sem ela. Sally relutantemente foi até o carro, subindo no banco de passageiro, e apertando o cinto. "Mamãe queria que você fosse para a loja?" Ela perguntou. Johnny assentiu e colocou as chaves na ignição, ligando e entrando na estrada.

"Sim, ela quer que eu traga comida para ela. Talvez eu possa comprar algo para você também." Ele sorriu, olhando para a criança. Sally sorriu nervosamente de volta e olhou pela janela, vendo a paisagem passar. Assim que eles entraram na estrada que levava para o mercado, Sally percebeu que ele não estava entrando no estacionamento. Ela franziu o cenho, confusa, e olhou para ele.

"Tio Johnny, a loja fica para lá..."  Ela disse, apontando para o mercado. Mas nenhuma resposta veio dele. Ele continuou dirigindo, sorrindo de leve. A criança olhou para trás, vendo a loja ficar menor até sumir de vista. Percebendo que eles não estavam indo para o mercado, a menina observou o tio dirigindo até o estacionamento de um parque perto da cidade. Ninguém ia ao parque nos domingos. Sally se sentiu nervosa, sua respiração acelerou, enquanto ela observava o homem com os olhos arregalados. Johnny estacionou e desligou o carro, olhando para a menina. A raiva era óbvia em suas feições.

"Você contou o que aconteceu para a sua mãe, não foi?" Ele perguntou, enquanto a garota fazia que não freneticamente. "Você não está jogando direito, Sally." O seu tom era quase um cantarolar. O homem se inclinou e puxou a menina para ele, ignorando o esforço que ela fazia para se soltar e as suas súplicas chorosas. "Você disse que ia brincar comigo, Sally, você mentiu." Abrindo a porta atrás dele, o homem desceu do carro segurando a criança e a jogou no chão, rapidamente imobilizando-a. Ignorando o seu choro e a forma como ela se contorcia. "Agora você precisa ser punida por ter quebrado as regras." Ele disse naquele tom meio cantado, e começou a desabotoar o cinto.

"Agora há pouco, um casal encontrou o corpo da menina de oito anos, Sally Williams, no parque da comunidade. A investigação de uma semana está oficialmente encerrada. Mais detalhes hoje as 9."

Ele podia jurar que tinha fechado a porta antes de subir na cama. "Acho que eu esqueci..." Levantando do calor e do conforto de sua cama, a adolescente fez o seu caminho pelo quarto e fechou a porta. Antes que ela pudesse voltar para suas cobertas, ouviu um barulho no corredor. Seus pais estavam acordados? Eles deviam ter ido olhar se ela estava sem sono ou algo assim.

 Com as pernas já cobertas, a adolescente parou para ouvir um som fraco... de choro? Porém, parecia de uma criança. Subindo, lentamente, ela levantou da cama mais uma vez, fez seu caminho até a porta e abriu-a. O choro parecia mais alto do lado de fora do seu quarto. Espiando na escuridão, enquanto andava pelo corredor, ela seguia os sons de choro. Quando ela chegou no fim, perdeu o fôlego. Sentada diante da janela a luz da lua, estava uma garotinha. Ela estava encolhida, choramingando. Como ela entrou na casa? Pela janela? Engolindo em seco, a adolescente falou.

"Quem... Quem é você? Como você entrou na minha casa?" Ela perguntou.

De repente o choro parou. A menina lentamente tirou as mãos trêmulas do rosto, e olhou para trás, espasmando levemente. Sangue substituiu as lágrimas, manchando suas mãos. Havia um grande coágulo de sangue e cabelo no lado da cabeça dela, sangue escorrendo pela ferida pelo seu rosto e sujando sua camisola branca. Seus olhos verdes brilhantes pareciam olhar direto pela alma da garota.

"Essa é a minha casa..." A criança falou com sua voz rascante, como se ela estivesse fazendo muito esforço para falar. O corpo da garota se contorceu e tremeu de forma estranha quando ela se virou para encarar a adolescente. Seus pés estavam sujos, como se ela estivesse correndo pela terra, arranhões cobriam seus joelhos e pernas, e a bainha de sua camisola estava esfrangalhada e rasgada. O nome "Sally" estava costurado na frente. Erguendo a mão ensanguentada, a menina sorriu lentamente, com sangue manchando seus dentes.

"Brinque comigo..."

0 comentários:

Postar um comentário

ENVIE SUA MENSAGEM!