Lembra-se de mim agora? Irmão.
- Irmão? (esse rosto, eu conheço essa garota!?)... Irmão? Eu... Eu... A minha filha, me dê a minha filha sua -
- Você tem que se lembrar. Se lembre – disse a garota enquanto entregava minha filha para mim.
Eu estiquei meus braços e a peguei, mas antes que pudesse abraça-la a garota a minha frente proferiu mais algumas palavras:
Você vai pagar!
Minha filha se dissolveu em sangue em meus braços. Meus olhos arregalaram, meu coração disparou e tudo escureceu. A luz do poste tinha se apagado, mas, falhando, voltou a acender e muitas outras também acenderam, revelando a mim o que eu havia esquecido há muito tempo.
Um dia fui a um asilo e soube de uma história muito curiosa. Trata-se de um senhor de idade que está lá há mais de 40 anos. Sim, é comum eu saber da história de muitas pessoas, mas nenhuma me intrigou tanto quanto a desse homem.
Seu nome é Matheus, pouco mais de 60 anos. Quando criança ficou órfão. Me surpreendi ao saber sobre a história. Seu pai sofreu uma queda fatal do nono andar do apertamento em que moravam. Pouco tempo depois sua mãe também veio a falecer, atropelada por um ônibus. O garoto presenciou a morte dos dois.
O Velho do Asilo
Alan Cruz
20:25
Quando eu era pequena, eu e meu avô costumávamos assistir àqueles programas de TV de bizarrices médicas. Você sabe, aqueles que mostram vacas de seis pernas ou bebês que nasceram sem pele e ainda conseguem sobreviver. Alergias estranhas, mutações genéticas, até aquelas situações tragicômicas de "bem, o médico fez uma grande burrada, esqueceu equipamentos cirúrgicos nas suas entranhas e você está assim há cinco anos." Eles eram educativos e nojentos ao mesmo tempo, algo pelo qual perdi o interesse na pré-adolescência.
Vovô sempre fazia piadas dizendo que ele deveria estar em um daqueles programas. Eu sabia que ele não falava sério - ele odiava chamar atenção para o seu problema. Eu me distraía imaginando que título eles dariam a um episódio sobre o caso dele, e sempre escolhia um título sem graça e retrô, "O Homem Com Duas Vozes".
A segunda voz do vovô
Laura Tude
16:43
O Mistério dos Barkers
Alan Cruz
17:08
Havia sido um longo e entediante dia de trabalho. Debaixo da chuva, James tateou em busca de suas chaves, derrubando alguns dólares de seu bolso no processo. Ele não se importava. Queria apenas entrar e ter algum descanso bem merecido, embora soubesse que o sono não viria. O sono.
O mundo lhe parecia tão estranho. Transcendental, até. Quanto tempo fazia? Três dias? Ele não podia continuar com aquilo. Precisava dormir, mas sabia que assim que sua cabeça se acomodasse no abraço macio do travesseiro, e suas pálpebras cerrassem sobre os olhos avermelhados, a sonolência iria embora. Ele havia tomado medicamentos, tanto legais quanto ilegais, e se drogara frenética e infrutiferamente apenas para conseguir algum repouso. A insônia estava tomando o controle de sua vida.
Por trás do espelho
Laura Tude
16:31
Eu estou sempre ao seu lado.
Eu estava lá quando você nasceu. Fiquei parado na sala de parto, encarando-o antes que você pudesse sequer abrir seus olhos para me ver. Sua família e médicos não podiam me enxergar ali no canto, observando com meus olhos enevoados, mas eu estava lá quando você veio ao mundo e depois o segui até sua casa.
Sempre ao seu lado
Laura Tude
20:05
Estou sentado na frente do meu computador, paralisado de medo. Cada momento poderia ser meu último. Meu amigo está aqui comigo e ele é a única razão pela qual minha vida está em risco. Pode não fazer sentido inicialmente, mas deixe-me explicar.
Tudo começou hoje mais cedo, quando esse amigo entrou correndo na minha casa e bateu a porta atrás de si. Seus olhos estavam arregalados de terror e ele ficou parado ali com as costas apoiadas na porta, respirando com dificuldade. Eu lhe perguntei o que havia acontecido e ele me contou esta história:
A Morte Branca
Laura Tude
15:01