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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Aline


Aline estava no centro de seu quarto, cercada por aquelas quatro paredes sem janela alguma, apenas uma porta que se abria poucas vezes ao dia e por poucos segundos. Essa porta tinha uma pequena abertura por onde passavam a comida para ela, uma comida com um gosto que Aline já não sabia descrever. Mais acima, ainda na porta, havia uma pequena janelinha de uns 15x15cm onde ela podia ver o rosto de quem quer que fosse que mostrasse a cara. E ela também podia conversar, mas as pessoas dali não davam importância a ela. 


Aline ficava trancada ali por várias e várias horas. A camisa que amarrava seus braços fazia ela se sentir sufocada. Aline também não tinha privilégios como uma pessoa trancafiada normal teria. Ela usava uma fralda que muitas das vezes permanecia em seu corpo até que ela tivesse permissão para o banho. E essa era uma das horas que Aline preferia morrer ao se dirigir para o chuveiro. Seu banho era assistido, muitas das vezes por homens, homens perversos e cruéis, eles abusavam de Aline, de seu corpo frágil de forma desumana, animal. 

Todas as dores que Aline sentia só aumentavam seu ódio e desprezo, sua vontade de morrer e até sua vontade de matar. E ela já tentou isso. Como tentou. Mas só causava mais dores ao seu corpo, a sua alma. E, ao fim de cada dia de sofrimento, ela voltava para a escuridão de seu quarto, de volta para o aconchego daquelas paredes de espuma, daquela camisa apertando seu peito dificultando sua respiração. As dores em seu corpo, depois de tanto sofrer, tornaram-se mais fáceis de esquecer enquanto ela viajava em seus pensamentos. 

A porta se abriu. Uma luz forte atingiu o rosto de Aline e ofuscou sua visão. 

"Miriam?".

Aline não conseguiu ver o rosto da pessoa parada a sua frente. Aquela pessoa entrou em seu quarto e a abraçou chorando. Esse gesto... Esse sentimento... Era familiar para Aline, como... Era como se ela tivesse sentido isso em algum momento de toda sua vivência ali dentro mas... Aline não se lembrava, não conseguia se lembrar. Tudo o que vinha em sua mente era tudo relacionado a esse lugar e, em nenhum momento, ela havia sentido algo assim. 

"Q- Quem é você?". - Disse Aline. 

A pessoa começou a falar. Falou e falou e depois olhou para Aline. 

"E-- Eu não entendo...". - Disse Aline. 

Então a pessoa se levantou e saiu. A porta fechando, a escuridão tomando conta daquele cubículo, e mais uma vez o sentimento de solidão, a dor, o medo tomou conta de Aline. A esperança a deixou de lado naquele instante. Em seu peito um coração ferido se esforçava em bater. Mas, pouco a pouco, seu ritmo diminuía. A sua respiração tornava-se cada vez mais pesada. E, por fim, ele parou. Aline pôde sentir, seu coração havia parado e sua respiração logo em seguida, e então, por uma única vez em sua vida, ela sentiu o que nunca havia sentido antes, e nem soube o que era, mas era algo muito bom. 

Felicidade e alívio. 

Seu corpo deitou-se ao chão daquele quarto de maneira suave. Ela já não se sentia presa por aquela camisa, agora ela estava livre. E, com um sorriso, Aline deixou este mundo. 

FIM

Confuso, não? 
Se não entendeu, comente aqui sua dúvida! Se entendeu, comente o que entendeu!

4 comentários:

  1. alguem explica, please? (quero mudar de nome)

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    1. Hehe, esse é psicológico. Posso dizer apenas que há diversas formas de entender este conto e que cada pessoa pode entender de uma forma. Ou, simplesmente não entender nada. Entendeu? Rsrs

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  2. Eu acho (acho) que com os abusos frequentes o corpo dela não aguentou. Começou ater alucinações e morreu. Fim. Mas, mesmo não entendendo muito ótimo conto parabéns ^^

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  3. quem era aquele q abraçou ela? acho q n adianta eu ter entendido o resto... pois essa pessoa deve ser a moral do conto.
    me fala quem era aí ^^
    pufavo

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